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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Burundanga

Recebi um extraordinário email. Daqueles em cadeia, do tipo "Desculpe a maçada, mas era só para lembrarmos que o mundo vai acabar. Cuidado! Desligue a luz antes de sair!" Desta vez, trata-se da aparição, em Lisboa, de uma substância especialmente perigosa chamada "Escolopamina", ou, na versão popular, "Burundanga". Segundo a informação divulgada, actua em 2 minutos, faz parar a actividade do cérebro e transmite-se por via cutânea". É usada por assaltantes que escolhem as suas vítimas e, através de um proverbial conto do vigário, depositam nas mãos do infeliz um cartão, um mapa, uma moeda previamente "contaminados". Depois, com o desgraçado à mercê, é só sacar o que for possível. E por aí adiante. O próximo eleito "poderá ser você", etc. e tal.   

"Ah, mais um mito urbano para encher conversas de circunstância!", dirão os mais cépticos. "Bolas, mais boatos alarmistas! Como se a realidade não fosse já pesada!", dirão os mais prosaicos. "Spam alarmista, que encobre outras coisas de que ninguém fala!", dirão os mais esclarecidos. "Merdas de gente desocupada", dirão os mais pusilânimes. Todos cheinhos de razão, é claro. Ponto final. 

Mas pensando melhor... Talvez noutra perspectiva... Hummm!... Então é assim. O assunto só me interessa na parte dos efeitos desta "droga". Mais concretamente, a paragem da actividade cerebral. É que, se o efeito for realmente esse, a coisa é de uma gravidade colossal. Podendo-se alvitrar desde já o seguinte: a) Em Portugal, esta droga já é de utilização corrente desde que foi descoberta, ou até antes, considerando-se termos sido escolhidos para cobaias; b) uma boa percentagem dos portugueses já foi algum dia contaminada; c) os seus efeitos são constantes e perduram no tempo.  

Em jeito de conclusão:
Andou a geração de 70 e o Eduardo Lourenço a cismar horas e horas sobre a questão da identidade nacional. Tempo perdido! A identidade nacional é sempre feita à medida da droga nacional. Os chineses têm o ópio. Os russos a vodka. Os argentinos o mate. Nós temos o privilégio do efeito perpétuo da Burundanga. Viva a Burundanga!  

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